sábado, janeiro 20, 2007

CAPITALISMO VORAZ

Por Fabíola Ribeiro*
É aceitável e justificável utilizar peixe na alimentação humana, o que não é possível conceber é que em um país onde há bastante esforço por uma boa distribuição de alimentos, onde há tantas famílias carentes de oportunidade e que passam fome ainda ocorra um crime ambiental de tamanha proporção como o do Rio dos Sinos, na região de Porto Alegre em que 80 toneladas de peixes ou até mais morreram por causa do capitalismo hediondo, capitalismo esse que caminha para o abismo por não saber se autolimitar. Várias empresas estão instaladas na região e ninguém sabe, ninguém viu quem provocou a tragédia, enquanto isso, os peixes que nascem, já nascem agonizando lutando para sobreviver.
Inacreditavelmente, ainda existem resíduos tóxicos em Rios e ainda culpam animais por certas doenças, a exemplo do Calazar em que o cão é tão vítima quanto o homem e sendo que o aumento de vetores deu-se por influência do próprio homem no meio, a melhor saída é o controle dos insetos.
Ainda joga-se lixo nas ruas por falta de educação ou consciência, lixo esse que entopem bueiros, que atraem ratos o que gera uma combinação explosiva chamada Leptospirose.
Ainda degradam mangues, provocando desequilíbrio ao Meio Ambiente. Ora os recursos naturais não são eternos, ora as doenças são nada mais nada menos do que o desprezo da natureza, porque ela se ressente e se vinga, ou melhor, é a Lei da Ação e Reação que rege o mundo, mundo esse que precisamos preservar. A Organização Mundial de Saúde aprovou um novo conceito de saúde: A saúde ambiental que consiste em uma visão de forma integrada dos fatores ambientais, em outras palavras, a poluição despejada no Meio Ambiente provoca danos à saúde humana e a dos ecossistemas. De acordo com o Chefe Seattle, em sua carta ao homem branco, em 1855, ele disse sábias palavras: “As flores perfumadas são nossas irmãs, o veado, o cavalo, a grande águia são nossos irmãos; as rochas escarpadas, os úmidos prados, o calor do corpo do cavalo e do homem, todos pertencemos à mesma família. (...) Isto sabemos: a terra não pertence ao homem; o homem pertence a terra. (...) O homem não teceu a rede da vida, ele é só um dos dos seus fios. Aquilo que ele fizer à rede da vida ele o faz a si próprio.”, ou seja, o ser humano não vive sozinho nem para si mesmo. É ilógico que destruamos o lugar onde vivemos. Em que momento o homem perdeu essa relação harmoniosa com a Natureza? Em que instante fatídico rompeu-se a sinergia? Como Castoriadis diz: “Devemos ser jardineiros desse planeta e cultivá-lo como ele é e pelo que é”, porque não é possível que se acredite que a expansão é ilimitada, de que vamos conseguir algo com um capitalismo voraz ou que vai haver algum desenvolvimento sem sustentabilidade. Pensando assim, a humanidade pensa que avança, mas só retrocede.

*Fabíola Ribeiro é Médica veterinária, Presidente da Associação de Médicos Veterinários de Sergipe, Secretária Institucional da Sociedade de Proteção a Biodiversidade Nordestina, Aluna Especial de Mestrado em Agroecossistemas e uma das idealizadoras do Movimento de Defesa da Praia da Costa

¨Artigo publicado no Jornal¨

quarta-feira, janeiro 17, 2007

VOCÊ SABE O QUE É POSSE RESPONSÁVEL?

Por Fabíola Ribeiro*

Geralmente quando andamos na rua e vemos um animal abandonado costumamos sentir pena, mas se não fizermos nosso papel corretamente com os animais de estimação que criamos também somos causadores disso, e o que as pessoas não sabem é que abandonar animais é crime, praticar maus tratos aos mesmos também. De acordo com o Decreto Lei 24.645⁄34 art. 3º, V, consideram-se maus tratos praticar ato de abuso ou crueldade do tipo: "Abandonar animal doente, ferido, extenuado ou mutilado, bem como deixar de ministrar-lhe tudo o que humanitariamente se lhe possa prover, inclusive assistência veterinária" e também de acordo com a Lei 9.605⁄98 art 32, um dos crimes contra o Meio Ambiente é descrito como: "Praticar ato de abuso, maus tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos", sendo passíveis de MULTA e PRISÃO, portanto é preciso ter responsabilidade e alguns conceitos em mente:
Antes de trazer um animal para sua casa, considere que seu tempo médio de vida é de 12 anos a depender da espécie, pense se poderá cuidar dele nesse tempo, pois segundo a Declaração Universal de Direito dos Animais, Art. 06, diz-se: "Cada animal que o homem escolher para companheiro tem o direito a uma duração de vida conforme sua natural longevidade", então, consulte sua família ou quem você mora se estão de acordo para não gerar transtornos nem a você e nem ao novo morador. Se há recursos necessários para mantê-lo, considerando que ele é um ser vivo e precisa ter suas necessidades atendidas e se tem tempo disponível para passeios e férias ou no caso quem poderá ficar com ele em sua ausência. Do contrário não adquira o animal.
Não compre animais, adote. Amigo não se compra. Adote de abrigos (vacinados e castrados) tendo em vista o local disponível para ele. E não pense em deixá-lo para trás porque o local onde mora ou irá morar não admite animais, amigo não se troca ou abandona . Por isso informe-se sobre a raça e suas peculiaridades e seja consciente. Se não poderá ficar, é bom não tirá-lo do abrigo.
Mantenha seu animal dentro de casa. Não permita que ele saia na rua correndo risco de provocar problemas, passeie com seu cão somente com guia e coleira. Lembre-se que ele precisa de passeios regulares, e horas agradáveis ao ar livre. Saindo em vias públicas sempre leve um saco para recolher os dejetos que o animalzinho venha a fazer.
Tenha em mente que animais precisam de programas de vacinação e o período de vacina precisa ser respeitado e é necessária a administração de vermífugos (remédios de verme) para que os passeios sejam seguros. Ofereça ração balanceada e de boa qualidade (não alimente com comida caseira) e forneça água limpa e fresca. Além disso, zele pela saúde do seu animal com atenção e carinho, pois ele não é de pelúcia, precisa de cuidados. Em caso de doença, não o medique sozinho, mas leve-o ao Médico Veterinário. Existem medicações humanas que são fatais ao animal. Saiba que o adotante é responsável pela vida que adotou.
A identificação é importante utilizando uma plaqueta com o endereço, telefone do adotante, útil em caso de fuga do animal. E por fim, fique informado de que você é responsável por futuras crias que este animal possa vir a ter, considerando que nem todos cães e gatos terão a felicidade de encontrar um lar com seres humanos generosos, o ideal é que esse animal seja castrado para impedir a procriação aleatória e ao contrário do que dizem por aí, a castração não provoca mal nenhum. É importante e necessário saber que os animais têm direitos e esses direitos devem ser defendidos e respeitados por lei, conforme é dito na Declaração Universal dos Direitos dos Animais, Art. 14.
Exercendo a posse responsável, você terá um companheiro por muito tempo que te proporcionará muitos momentos felizes.

*Fabíola Ribeiro é graduada em Medicina Veterinária pela Faculdade Pio Décimo, Aluna Especial de Mestrado em Agroecossistemas na UFS, Ambientalista, Presidente da Associação dos Médicos Veterinários de sergipe (AMEVES), Secretária Institucional da Sociedade Protetora de Biodiversidade Nordestina (SPBN), Participante da Rede de Educação Ambiental de Sergipe, Defensora, Protetora animal e umas das idealizadoras do Movimento de Defesa da Praia da Costa.
¨Artigo publicado no Jornal¨