Por Fabíola Ribeiro*
Desde a década de 1980, há preocupação com o Meio Ambiente, porém em 2005, o assunto foi questionado com mais atenção devido a divulgação dos resultados da Avaliação Ecossistêmica do Milênio, diagnóstico solicitado pelas Nações Unidas sobre a saúde dos ecossistemas do mundo e a relação do mesmo com a manutenção da vida humana, onde foi descoberto que 15 ecossistemas dos 24 que sustentam a vida na terra estão sendo utilizados de maneira insustentável. Segundo o diagnóstico de 1.360 cientistas de 95 países inclusive do Brasil, essas consequências se tornarão expressivamente piores daqui a 50 anos.
É preciso que se preserve a Biodiversidade, a qual de acordo com o Artigo 2 da Convenção sobre Diversidade Biológica, “significa a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo entre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas.” Se houver poluição, desmatamento e ausência do uso correto dos resíduos, a Biodiversidade será seriamente afetada trazendo impacto à sociedade a médio e longo prazo. O que deve fundamentar é o bem estar humano aliado ao bem estar animal, ao Meio Ambiente e as gerações futuras criando soluções para temas sobre poluição e exploração devida dos recursos naturais.
Pensando nisso, vale dizer que a responsabilidade social e ambiental das empresas na utilização dos recursos está inteiramente ligada a preservação do Meio Ambiente. Nos dias de hoje, não existe mais espaço para cabeças fossificadas e mentes cavernosas, que acreditam que progresso é construção esquecendo a preservação das áreas verdes e áreas para desova de tartarugas. Fazer construções mirabolantes não levando em consideração o habitat de espécies nativas é algo mesquinho, acreditar que isso trará turista e renda é de igual modo. O pensamento do século XXI, é um crescente desejo de melhoria para modernização e aumento de tecnologia aliado ao compromisso com Meio Ambiente, empresários que não visam essa linha estão fora da evolução, como diria a economista ambientalista Hazel Henderson: “As empresas precisam do lucro como o ser humano precisa do oxigênio, mas ninguém vive apenas para respirar.” É essencial que se tenha uma consciência ambiental e atenção especial quanto ao que fazer com os resíduos para que se evite episódios fatídicos como no Rio dos Sinos na Região de Porto Alegre em que morreram toneladas de peixes ou no Rio Sergipe em que houve descarte de esgoto, Rio esse que leva o nome do nosso Estado e ainda abriga várias espécies de cardumes.
A preocupação com o impacto empresarial sobre o Meio Ambiente é tamanho, que em 2005, o Instituto Ethos (ethos significa ética em latim) convidou algumas empresas para discutirem metas visando a qualidade de vida e respeito ao meio através de uma Agenda Ambiental para a difusão da sustentabilidade no mundo corporativo. Medidas como: difusão de gestão de sustentabilidade, subsídio ao investimento contínuo em ciência e tecnologia estimulando trabalhos científicos, a preocupação da produção sustentável e os resíduos deixados por ela como idéia de redução, reutilização e reciclagem, foram discutidas. Porém sabemos que existe uma variedade grande de empresas que não buscam informação a respeito da Agenda 21 e medidas de sustentabilidade. A maioria das empresas não tem um programa de resíduos sólidos que acabam indo para o solo ou reservas hídricas, muitos deles sendo altamente poluentes, o que afeta a saúde ambiental, ou seja, a qualidade de vida e a sobrevivência de todos os seres. As indústrias farmacêuticas, cosméticas e várias outras precisam da Natureza para extração dos seus produtos, sendo assim, porque não todos preservarem? Porque não respeitar o que é de uso bom uso comum a todos? É preciso exigir que as empresas tenham planos de gerenciamento para resíduos e isso só é possível na produção de projetos com o intuito de reciclagem e reutilização da matéria prima. De uma coisa é certa, não há mais tempo para erros e acertos, nessa época em que vivemos sob a ameaça da extinção de alguns Recursos Naturais, há espaço somente para o que pode dar certo, o Meio Ambiente não tem tempo a perder, não mais.
*Fabíola Ribeiro é Médica Veterinária, Ambientalista, Presidente da Associação dos Médicos Veterinários de Sergipe e Secretária Institucional da Sociedade de Proteção a Biodiversidade Nordestina.
¨Artigo publicado no Jornal¨